Relações entre Palestina e Israel: a construção dos sentidos no livro paradidático de história

O artigo 'Relações entre Palestina e Israel: a construção dos sentidos no livro paradidático de história' se concentra em analisar a produção de sentidos em um livro paradidático de história, especificamente 'A formação de Israel e a questão palestina', publicado pela Editora Ática. O estudo se propõe a desvendar como elementos verbais e visuais se articulam para construir uma narrativa sobre o conflito entre Palestina e Israel. O objetivo é identificar a corrente de pensamento histórico presente no livro, analisar a articulação entre texto e imagens e comparar o paradidático com outros materiais didáticos. O artigo também busca compreender a função do livro paradidático como ferramenta pedagógica e discutir suas possíveis limitações, especialmente em relação à representação do outro.

O artigo discute o papel do livro paradidático no ensino de história e como ele se encaixa na perspectiva da Nova História, particularmente influenciada pela Escola dos Annales. O estudo destaca a necessidade de uma abordagem crítica e problematizadora da história, em contraste com uma visão positivista que se baseia apenas em documentos oficiais. O artigo cita Roger Chartier e outros autores para defender uma história que busca compreender as práticas sociais, as intenções pedagógicas e a complexidade da produção de conhecimento histórico. O autor argumenta que o livro paradidático pode servir como um recurso complementar ao livro didático, oferecendo diferentes perspectivas e aprofundando temas específicos. No entanto, o artigo também reconhece a importância de analisar criticamente a qualidade e o viés do material, considerando a necessidade de uma abordagem mais equilibrada e inclusiva.

O estudo se dedica à análise detalhada do livro 'A formação de Israel e a questão palestina', explorando seus aspectos textuais e visuais. A análise revela uma forte ênfase na perspectiva judaica, o que pode ser observado na escolha da personagem central, uma jovem judia chamada Raquel, na linguagem gráfica que prevalece no livro (estrela de Davi) e na bibliografia utilizada. O artigo argumenta que a narrativa, embora apresente aspectos positivos como o uso de diferentes linguagens e a inclusão de eventos históricos, demonstra uma visão parcial e tendenciosa, privilegiando a narrativa israelense em detrimento da palestina. A escolha do título do livro, 'A formação de Israel e a questão palestina', também ilustra essa priorização, colocando em segundo plano a experiência palestina. O artigo critica a forma como os palestinos são representados, frequentemente associados a imagens de terrorismo, violência e refugiados.

O artigo conclui com uma reflexão sobre a importância de o professor ter discernimento e criticidade na escolha dos materiais didáticos, especialmente os paradidáticos. O estudo alerta para o risco de um ensino de história enviesado e desequilibrado, que pode perpetuar estereótipos e preconceitos. O artigo destaca a necessidade de o professor se familiarizar com diferentes perspectivas e fontes históricas, buscando oferecer aos alunos uma visão mais completa e complexa dos eventos históricos. O autor argumenta que o livro paradidático, embora possa oferecer um complemento positivo ao ensino, precisa ser utilizado com cautela e consciência de suas possíveis limitações. A análise crítica do livro paradidático, como proposta no artigo, contribui para um debate importante sobre a qualidade dos materiais didáticos e a necessidade de um ensino de história mais crítico, reflexivo e inclusivo.